terça-feira, 27 de setembro de 2011

What do you love about music?


“Quase Famosos” durante muito tempo foi um filme muito especial pra mim. Certa noite, alguns anos atrás, vi uma parte dele na TNT, mas não cheguei ao final e nem sabia o nome. Depois de alguns meses acordei de madrugada e vi só o ultimo bloco na Globo, então ainda não sabia o nome, o tempo foi passando e só depois de mais ou menos um ano eu fui descobrir o titulo e assim que soube fui atrás do DVD e finalmente vi o filme completo. Acho que por isso que eu tenho um carinho enorme por esse filme, sempre o revejo em ocasiões especiais, porém nesse domingo resolvi rever a edição definitiva para fazer uma “analise”.


O filme conta a historia de William Miller, um rapazinho precoce com uma mãe professora que comemora o natal em setembro para não fazer parte dessa data comercial, ele tem uma irmã mais velha, Anita, e ela que apresenta a ele esse mundo do rock roll, e a partir disso a vida dele muda.

O filme é cheio de referencias, eu anotei cerca de 40 delas, mas acredito que ainda tenham muitas outras. Grande parte do filme se passa na viagem que William faz com a banda Stillwater para fazer uma reportagem para Rolling Stone, e na mesma noite que ele conhece a banda, ele conhece a impecável Penny Lane, ela e outras garotas dão “suporte as bandas”( “We are not Groupies. Groupies sleep with rockstars because they want to be near someone famous. We are here because of the music, we inspire the music. We are Band Aids”).

Uma das cenas interessantes, que eu não tinha percebido antes, é quando Penny Lane conhece Russell. A trilha sonora muda suavemente durante o longo aperto de mão deles e quando percebemos esta tocando “River” da Joni Mitchell (You loved me so naughty,
It made me weak in the knees).

Analisando melhor o William, podemos perceber que ele tem uma mania de pegar “souvenirs”. Nos hotéis, temos duas cenas em que ele pega coisas dos carrinhos das camareiras e a cena em que ele pega a camiseta deixada pelo grupo. Essa mania dele é comprovada quando a mala dele caiu em NY e vemos varias coisas estranhas lá dentro.

Para quem já viu o filme, existem frases memoráveis como: “I’m a golden god”; mas as cenas que eu mais gosto ocorrem no ônibus (Doris is the soul of this band!”), é tão bonito quando ele aparece junto com o nascer no sol (depois da cena em que eles derrubam o portão) e é naquele ônibus, quando todos estão cantando “Tiny Dancer” que William vira para Penny Lane e diz: “I have to go home”
“You are home”. Tão simples, mas tão bonito o que esse ônibus representa.

 
E temos algumas cenas extras nesse DVD, entre elas uma das falas marcantes de Penny Lane “It’s all happening” é imitada por William, uma entrevista da banda para uma radio, Penny Lane de calcinha vermelha com estrelinhas brancas, uma festa de aniversario para Penny Lane, a despedida da Polexia, e algumas outras que fazem o filme se tornar mais bonito ainda.
 

 
“Quase Famosos” é um filme de Cameron Crow que conta um pouco da sua historia, um pouco de musica, um pouco sobre amor e sobre o que o Rock and Roll representa, e com certeza sempre vale a pena rever. Um filme cativante que não vejo como alguém não gostar.
 
One day you'll be cool. Look under your bed, it'll set you free.”

quinta-feira, 22 de setembro de 2011




"-mas quando você faz cara de louca o que eu vejo não é loucura e sim uma alegria esfuziante - é como o moleque poeira no cantinho da criança dormindo no berço agora e eu te amo, chuva há de cair no nosso telhado um dia meu amor' - e estamos á luz da vela de modo que as loucuras ficam ainda mais engraçadas e as historias de fantasma mais apavorante - tem aquela do - mas a dor, adoro as coisas boas e não esqueço e esqueço a dor que sinto-" 

Os Subeterrâneos - Jack Kerouac.

123 Fernando Pessoa


“A loucura, longe de ser uma anomalia, é a condição normal humana. Não ter consciência dela, e ela não ser grande, é ser um homem normal. Não ter consciência dela e ela ser grande, é ser louco. Ter consciência dela e ela ser pequena é ser desiludido. Ter consciência dela e ela ser grande é ser gênio.”   

                                                                                                              Fernando Pessoa. (Aforismos e Afins)


“- Os jovens querem impressionar o mundo comprando um monte de coisas – continuou o porteiro.
Eu liguei para Tyler.
O telefone tocava na casa alugada de Tyler na Paper Street.
Ah, Tyler, por favor me tire dessa.
O telefone tocava.
O porteiro aproximou-se de mim e disse:
- Os jovens não sabem o que querem da vida.
Ah, Tyler, por favor me salve.
O telefone tocava.
- Os jovens pensam que são donos do mundo.
Livre-me dos moveis suecos.
Livre-me da arte inteligente.
O telefone tocava e Tyler atendeu.
- Quem não sabe o que quer acaba tendo o que não quer – continuou o porteiro.
Que eu nunca me sinta completo.
Que eu nunca me sinta satisfeito.
Que eu nunca seja perfeito.
Livre-me, Tyler. De ser completo e perfeito.”

                                                                            
Clube da Luta – Chuck Palahniuk pg.46 e 47.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

De quando eu sei que mereço tudo


Não mereço menos que tudo. Foda-se se mereço menos que tudo. Mesmo que me custe cair na cama e adormecer,
com tudo o que paira como a brutalidade da castração no poço fundo do meu pensamento. Não mereço menos
que uma tarde perfeita, com o amor ao meu lado, sou especial, com o amor ao meu lado num jardim londrino
ao fim da tarde, com uma sandes de caos, quente, morto, sanguinário, e um café a acompanhar o sol a cair
sem o vermos, na neblina cega de Abril. Mesmo que eu não me esqueça de anos e anos. Não mereço menos que
ser uma menina, a menina que sou, eternamente, e chorar sem medo que, ou chorar com medo que, chorar
com o amor ao meu lado, com um colo caótico, quente, vivo, cheio de vida e uma brisa suave, no fim de
uma tarde de Abril, a tocar-me a face e a dizer
- Vai ficar tudo bem, querida
Não mereço menos que tudo e não preciso que me lembrem disso. Eu sou um tipo especial, bem educada, bonita.
Não mereço menos que tudo e vejo nomes subir subir subir subir na minha direção e a diluírem-se no
passado como imagens perdidas na memória de um cego. Cego nesta neblina britânica caótica de um qualquer Abril do futuro mas
- Vai ficar tudo bem, querida, prometo

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Poema das minhas doenças todas


Ai se eu fosse maior, se eu ousasse poder pensar querer ser maior e se nessa ousadia,
ai, eu não adivinhasse poder ter inevitavelmente que sofrer,
ai, eu proporia ás divindades universais das galáxias do inferno e do céu
mudar para mim
toda a felicidade dos mundos envolventes
e
ai, que se eu não fosse tão doente e frágil assim como sou
ainda seria capaz de aproveitar dois ou três
dos pedacinhos de (toda a ) felicidade (do mundo) que não tolhessem ao tocar em mim.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

eu é que não os consigo compreender.

A minha cabeça é a mesma que nasceu comigo. Nunca ninguém me quis compreender verdadeiramente porque nunca foi preciso. No fundo, não sou complicada, sou diferente. Como toda a gente. Todo o mundo é diferente e esse é o ponto mais triste da nossa existência: somos todos estupidamente o mesmo. Previsíveis, estúpidos, problemáticos, incoerentes, mentirosos, hipócritas, egoístas, verdadeiros, sinceros: uma merda, sinceramente.

Confusão...

São tantos os dias
Em que a Natureza me confunde.
E tantos são os dias,
que por mais confusa que esteja
Acho sempre bela a confusão.

A minha confusão é bela,
Não é uma confusão ignorante.
Tem razão de ser,
existe.

E ainda bem.
A beleza da Natureza
É descobrir o que nos é confuso.

E não penso em matar o que me confunde.
Porque o que me confunde,
É o que me dá vida e vontade .

sexta-feira, 18 de março de 2011

Plutão gelou-me a tinta

plutão é mais longe que ontem
tão longe que musica não se ouviu nunca
perto sequer
da sua orbita

plutão é mais frio que agosto
agosto de todos os anos
de todos os anos de todos os planetas

plutão é tão longe como o amor
distancias incalculaveis de negro astral
incomensuravelmente
distante

tão desconhecido e implacável como ele
e mesmo assim
desejo conhecer plutão
todos os dias
desde que te vi
ontem

quarta-feira, 16 de março de 2011



Certas coisas não são para ser ditas
não podemos correr o risco
de as perder
como os lobos uivam á noite
a mesma noite dos lobos
cose-nos a boca
e os ratos espreitam nos buracos
da cozinha
muitas vezes á espera da tua carne
ao mesmo tempo que a louça desidrata
os abutres também
mas voar sem céu
é foda como
amar sem experimentar morrer
dai que não faça sentido os nomes
da história
os indecifráveis vultos alados da personalidade humana
a glória
mesmo sem querer
do/no fundo do coração
havemos de morrer todos uma vez que seja.
os sortudos permanecem mortos
e
a eternidade não os magoa tanto.

We all walk the long road...
Praticamente nada do que me lembro existe. ou existiu. não são raras as vezes em que dou comigo,
numa segurança de pilar, a pensar para o infinito naquilo que tenho, no que tenho realmente
e naquilo que por força não sei bem do que me foi caindo aos pés e não tenho nada. palavra de honra
que não tenho nada que seja realmente meu. é tudo emprestado, acredito que a minha própria vida
me foi emprestada por alguém que se cansou dela, alguém que a achou demasiado chata e se cansou
dela como se cansam os cães de correr em torno de si próprios: cansaram-me de mim e :
- toma marcelle, é tua. agora use-a melhor que eu.
e a verdade é que não a consigo usar melhor que ninguém.
me da uma paz de cegueira inacreditável imaginar o dia em que por alguma razão menos obvia acorde e
pense que estou vivendo por dentro de mim. porque nem eu me sinto realmente minha. eu não sou assim,
desta forma, não tenho as atitudes que esse corpo arrasta nem falo como eu. eu sou diferente de mim,
completamente o avesso de mim. imaginar uma chuva de raios de sol tocada pelo vento, eu fugindo
mas o calor a correr comigo. imaginar uma derrocada de chuva a soterrar-me o espírito, a arrancar
de mim o espelho da alma, depois a alma, depois a dar-me de novo os meus próprios ossos, a minha carne,
o meu sabor. dá-me uma paz de cegueira imaginar que não tenho alma, nem espírito, nem essas inutilidades
todas que as pessoas inventam de si e sentir-se minha. e mais que sentir-se minha, sentir.
é tão isso : não me lembro de nada que existe, sinto tudo tão distante .
e dá-me uma paz de cegueira imaginar que resolvo o mundo como quem resolve uma equação
- y=2 e x=1
só que em vez de números, palavras, que não são minhas, porque eu não digo isso, eu nunca aprendi a escrever
mas é por teimosia, teimosia persistente, que esse corpo, cansado de si próprio, dita coisas que nunca pensei
conseguir dizer. mas é por teimosia, teimosia firme de pilar, que esse corpo, mesmo cansado de si próprio,
continua a viver e, cada vez mais, a afastar-se daquilo que realmente sou.
"A única coisa que está em seu caminho para a perfeição, é você mesma."



terça-feira, 15 de março de 2011

Impulsive temperament...


“Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.
       Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.”

segunda-feira, 14 de março de 2011




Primeiro você tem que se entregar, primeiro você tem que saber não temer, saber que um dia você vai morrer.






John Lennon - Imagine



Imagine que não exista nenhum paraíso,
É fácil se você tentar.
Nenhum inferno abaixo de nós,
Sobre nós apenas o firmamento.
Imagine todas as pessoas
Vivendo pelo hoje...

Imagine que não exista nenhum país,
Não é difícil de fazer.
Nada porque matar ou porque morrer,
Nenhuma religião também.
Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz...

Imagine nenhuma propriedade,
Eu me pergunto se você consegue.
Nenhuma necessidade de ganância ou fome,
Uma fraternidade de homens.
Imagine todas as pessoas
Compartilhando o mundo todo.

Você talvez diga que sou um sonhador,
Mas eu não o único.
Eu espero que algum dia você junte-se a nós,
E o mundo viverá como um único.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Sinto-me velha desde que nasci...

... Não é que não signifiquemos nada a vida inteira. Porque significamos.
Mas e o significado que atribuímos às coisa? Não será isso que nos faz ser alguma coisa? E as pessoas não
são coisas. As pessoas existem e a morte é uma puta. Hoje sinto-me especialmente velha. Mas sinto-me velha desde que nasci, como se tivesse nascido ontem, porque me diverti e hoje estou cansada, porque vi toda a alegria do mundo, e a tristeza a tropeçar à minha frente e eu a tropeçar nela. Havemos de nos levantar os dois e seguir, cada um com as suas mazelas, os nossos caminhos, qual guerreiros depois de uma batalha, mas até lá vale a pena lembrar que nem a mais forte seca torna pequeno o caudal de amor que temos pelas pessoas. Infelizmente somos estupidos ao ponto de construir barragens ao longo do leito do nosso coração e por estupidez esquecemos que somos recém nascidos toda a vida, que nascemos com uma deficiência congénita incompreensível à medicina, à psicologia, à bruxaria: a morte. E por mais horrível que seja a palavra, é essa deficiência que me faz sentir velha desde que nasci. Eu não tenho medo de morrer, é natural, necessário. Mas a morte é uma puta, e eu só acho que nunca vivemos o suficiente para lhe pagarmos o que ela merece. A tristeza vai continuar, meu amigo, em todos nós, porque é natural, é necessária. Estamos a pagar por ti, vivos, em pé, por ti, para irritar suavemente, cada vez mais a cada dia que passa, essa puta que é a morte. E acredita, enquanto nos sentirmos velhos, doentes, com dores, tristes e contentes, a morte perderá sempre. Por ti, meu amigo, por todas as pessoas que têm algum significado para nós, enquanto vivermos, a morte perderá sempre.