segunda-feira, 8 de outubro de 2012



conto-te um segredo, conta-me os cabelos

estava deitada na cama a fazer contas aos cabelos que vou perdendo como que a envelhecer nas minhas mãos. estava
deitada vivendo dentro de um passado tão mais velho que eu e mesmo assim com tão boa aparência. e eu invejo o
mundo exterior a mim: tudo tão mais calmo que esta pasmaceira interior que me come por inteira. invejo-o pela razão
de não ser meu e de não me importar para além da inveja que tenho por ele.

quarta-feira, 27 de junho de 2012



Let me take you down,
'cause I'm going to Strawberry Fields.
Nothing is real,
And nothing to get hung about.
Strawberry Fields forever.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

"We're not bad people, we just come from a bad place."
(Shame)






é impossível. esconder tudo não é possível. as palavras na parede, pelo menos elas, continuam lá, e carregam-nos na pele como chaves e abrem-nos o corpo para um inexplicável tormento. será isto aquilo a que chamam o paraíso ou o inferno? um dos dois de certo controlará todos os meus movimentos desde que me levanto até que adormeço, outra vez e outra vez, repetindo simultaneamente os teus gritos e os teus beijos, num loop intenso e incessante nos meus ouvidos e na parte de trás dos meus olhos. não se esqueça que escrevo sozinha, tanto nessa noite como em todos os dias e o teu cabelo continua atrás do meu cheiro e das minhas mãos. senti um bafo quente soprar da porta, o carteiro pede-me que assine, eu assassino. três palavras num papel meio amarrotado, com uma caneta, meio gasta, e ele desaparece. há um zonzo cambalear de ideias e de imagens entre o momento em que me dão um sorriso e aquele em que desaparecem. deus saberá de certo ao que remontam todas estas palavras que nos abrem.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

De quando comecei a me aventurar

Vamos falar sobre a vida!
Sobre sua complexidade e variação.
Sobre algo relevante e imensurável, ou não...
O fato é que existem várias vidas.
Cada uma sendo vivida de maneira particular, secreta, intensamente secreta.
Que não cabe a nós, pobres animais racionais julgar esses padrões.
Somos apenas vitimas de algo incerto, belo, inexplicável.
Que amadurece ao passar dos anos, e que muitas vezes se acaba.
Se acaba e carrega com ela toda uma história, que merece ser lembrada não apenas pelos fatos heroicos, ou muito menos pela dignidade que obteve.
Mas sim pelo privilegio de ter sido, "VIVIDA".




terça-feira, 31 de janeiro de 2012

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Da minha mão

meço a solidez
do som da saudade
um som agudo
desse lugar simulado
de onde afloram
outros lugares que desconheço.

capaz,
como se eu fosse capaz
de me desfazer da água dos poços
da vida das mãos
que me entrelaçam as palavras
na garganta com uma força de forca

capaz,
ilumino a minha mão
quero parar
escrever
e beber
e só isso.

só isso,
para me sentir capaz
de amar,
de inventar o amor num poema
de inventar alguém
num poema
de inventar sentimentos.

de mim,
tenho saudades
essencialmente
de mim,

de me sentir doente
e incapaz,
e capaz de me sentir
doente
e incapaz.

continuo a caminhar,
para lado nenhum
para lugares que desconheço
sem ser capaz.

rasguei as veias,a cara,
o corpo
e o mapa
o cruel mapa da minha mão.