sexta-feira, 18 de março de 2011

Plutão gelou-me a tinta

plutão é mais longe que ontem
tão longe que musica não se ouviu nunca
perto sequer
da sua orbita

plutão é mais frio que agosto
agosto de todos os anos
de todos os anos de todos os planetas

plutão é tão longe como o amor
distancias incalculaveis de negro astral
incomensuravelmente
distante

tão desconhecido e implacável como ele
e mesmo assim
desejo conhecer plutão
todos os dias
desde que te vi
ontem

quarta-feira, 16 de março de 2011



Certas coisas não são para ser ditas
não podemos correr o risco
de as perder
como os lobos uivam á noite
a mesma noite dos lobos
cose-nos a boca
e os ratos espreitam nos buracos
da cozinha
muitas vezes á espera da tua carne
ao mesmo tempo que a louça desidrata
os abutres também
mas voar sem céu
é foda como
amar sem experimentar morrer
dai que não faça sentido os nomes
da história
os indecifráveis vultos alados da personalidade humana
a glória
mesmo sem querer
do/no fundo do coração
havemos de morrer todos uma vez que seja.
os sortudos permanecem mortos
e
a eternidade não os magoa tanto.

We all walk the long road...
Praticamente nada do que me lembro existe. ou existiu. não são raras as vezes em que dou comigo,
numa segurança de pilar, a pensar para o infinito naquilo que tenho, no que tenho realmente
e naquilo que por força não sei bem do que me foi caindo aos pés e não tenho nada. palavra de honra
que não tenho nada que seja realmente meu. é tudo emprestado, acredito que a minha própria vida
me foi emprestada por alguém que se cansou dela, alguém que a achou demasiado chata e se cansou
dela como se cansam os cães de correr em torno de si próprios: cansaram-me de mim e :
- toma marcelle, é tua. agora use-a melhor que eu.
e a verdade é que não a consigo usar melhor que ninguém.
me da uma paz de cegueira inacreditável imaginar o dia em que por alguma razão menos obvia acorde e
pense que estou vivendo por dentro de mim. porque nem eu me sinto realmente minha. eu não sou assim,
desta forma, não tenho as atitudes que esse corpo arrasta nem falo como eu. eu sou diferente de mim,
completamente o avesso de mim. imaginar uma chuva de raios de sol tocada pelo vento, eu fugindo
mas o calor a correr comigo. imaginar uma derrocada de chuva a soterrar-me o espírito, a arrancar
de mim o espelho da alma, depois a alma, depois a dar-me de novo os meus próprios ossos, a minha carne,
o meu sabor. dá-me uma paz de cegueira imaginar que não tenho alma, nem espírito, nem essas inutilidades
todas que as pessoas inventam de si e sentir-se minha. e mais que sentir-se minha, sentir.
é tão isso : não me lembro de nada que existe, sinto tudo tão distante .
e dá-me uma paz de cegueira imaginar que resolvo o mundo como quem resolve uma equação
- y=2 e x=1
só que em vez de números, palavras, que não são minhas, porque eu não digo isso, eu nunca aprendi a escrever
mas é por teimosia, teimosia persistente, que esse corpo, cansado de si próprio, dita coisas que nunca pensei
conseguir dizer. mas é por teimosia, teimosia firme de pilar, que esse corpo, mesmo cansado de si próprio,
continua a viver e, cada vez mais, a afastar-se daquilo que realmente sou.
"A única coisa que está em seu caminho para a perfeição, é você mesma."



terça-feira, 15 de março de 2011

Impulsive temperament...


“Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.
       Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.”

segunda-feira, 14 de março de 2011




Primeiro você tem que se entregar, primeiro você tem que saber não temer, saber que um dia você vai morrer.






John Lennon - Imagine



Imagine que não exista nenhum paraíso,
É fácil se você tentar.
Nenhum inferno abaixo de nós,
Sobre nós apenas o firmamento.
Imagine todas as pessoas
Vivendo pelo hoje...

Imagine que não exista nenhum país,
Não é difícil de fazer.
Nada porque matar ou porque morrer,
Nenhuma religião também.
Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz...

Imagine nenhuma propriedade,
Eu me pergunto se você consegue.
Nenhuma necessidade de ganância ou fome,
Uma fraternidade de homens.
Imagine todas as pessoas
Compartilhando o mundo todo.

Você talvez diga que sou um sonhador,
Mas eu não o único.
Eu espero que algum dia você junte-se a nós,
E o mundo viverá como um único.