sexta-feira, 4 de maio de 2012

"We're not bad people, we just come from a bad place."
(Shame)






é impossível. esconder tudo não é possível. as palavras na parede, pelo menos elas, continuam lá, e carregam-nos na pele como chaves e abrem-nos o corpo para um inexplicável tormento. será isto aquilo a que chamam o paraíso ou o inferno? um dos dois de certo controlará todos os meus movimentos desde que me levanto até que adormeço, outra vez e outra vez, repetindo simultaneamente os teus gritos e os teus beijos, num loop intenso e incessante nos meus ouvidos e na parte de trás dos meus olhos. não se esqueça que escrevo sozinha, tanto nessa noite como em todos os dias e o teu cabelo continua atrás do meu cheiro e das minhas mãos. senti um bafo quente soprar da porta, o carteiro pede-me que assine, eu assassino. três palavras num papel meio amarrotado, com uma caneta, meio gasta, e ele desaparece. há um zonzo cambalear de ideias e de imagens entre o momento em que me dão um sorriso e aquele em que desaparecem. deus saberá de certo ao que remontam todas estas palavras que nos abrem.